Espaço dedicado aos jogos brasileiros foi o maior das três edições da PerifaCon
Como já falei no texto anterior, a edição de 2023 da PerifaCon foi o melhor evento de cultura nerd que eu já fui. E não tem evento nerd sem um pouco de joguinho, ainda mais um bom joguinho brasileiro.
A área dedicada aos jogos independentes teve muitos projetos brasileiros e um espaço um pouco pequeno pra todo o fluxo de gente que passou por lá pra jogar. Isso sem falar em mesas de discussão excelentes como a da importância dos jogos brasileiros (sem clubismo), a de política em jogos com Flávia Gasi e Tainá Félix, e a sobre o desenvolvimento de Árida 2 com os devs da Aoca Game Labs. Dito tudo isso, bora pros jogos:
Um jogo de ritmo que também é um jogo de drifts: um jogo de driftmo. Baby Driver e Edgar Wright sorriem felizes . Lunr.rdio.taxi te coloca pra fazer sequências de drifts tirando fino de obstáculos em um vórtex psicodélico de luzes e raios com músicas muito boas cedidas por artistas daqui, desde um manguebeat pegado a um eletrônico farofa do bom. O projeto é super novo e já tem muita cara própria, além de uma sensação de jogar deliciosa. Lunr.rdio.taxi ganhou a rodada de pitchs da SPCine Games e tá garantido pra levar seu driftmo pro BIG de 2024. O céu é o limite.
Burgueses malditos se apoderaram da Festa de São João, substituindo milho por sushis, quadrilhas por baladas e todo o espaço do povo por uma área vip patética. E o último bastião da moral das festas juninas é você, Pedro, um garotinho capaz de invocar espíritos ancestrais da Bandoleira ou do Sertanejo pra lutar contra os porcos capitalistas que tomaram o espaço público. Festa Junina, stands de JoJo e porrada franca em rico mimado: tudo que um jogo realmente necessita. Infelizmente o único defeito de Stand and Fight é ele ser curtinho e não ter previsão de novas fases.
Um dos jogos que mais chamou a atenção no espaço indie foi um velho conhecido aqui do Controles. Sonho Trap Star está cada vez mais polido e perto do lançamento. O projeto do jornalista Alexandre De Maio é um jogo de tiro em terceira pessoa com uma pegada entre GTA, The Last of Us, surtos oníricos do protagonista e muito trap. Refinamento no visual, músicas boas e um universo caótico cheio de zumbis do covid e milícias que governam São Paulo.
Um jogo narrativo com uma pixel art lindíssima, nove finais diferentes e a realidade complicada de duas personagens periféricas sobrevivendo no caos e na merda de uma sociedade futurista ainda em pedaços. Duas Vidas faz o jogador tomar decisões que afetem não só Júlia e Paulo, mas todo o universo. Uma história de resistência, luta, busca por justiça, morte, revolução, fogo no sistema…depende do caminho que você tomar.
Mais um evento com o prazer de encontrar os queridíssimos de Pivot of Hearts. Jogo narrativo sobre três amigos - e os outros amigos no meio disso - passando por dilemas sobre relacionamento aberto, bissexualidade, trabalho, música e juventude. Tudo isso em cenários paulistaníssimos, uma arte bonitona, trilha bem intimista e cinco finais diferentes pra explorar.
Pega pedra, conserta parede, pega água, apaga fogo, pega madeira, arruma janela…Um ciclo caótico de ataques e de tarefas pra manter a integridade do Castelo das Nuvens. Se essa sequência não bastasse pra te deixar pilhado, tu ainda tem que acalmar a princesa de tempos em tempos senão a ansiedade dela ataca e aí já era. Princesa das Nuvens tem um ritmo bacana (mas que podia ter uma curva de progressão um pouco mais acelerada) e mecânicas divertidas. Tem tudo pra evoluir cada vez mais depois de levar a 1° Game Jam do Senac.
Menino entediado com viagem de família resolve invocar seu próprio Indiana Jones interior e sair explorando o ermo atrás do Baú de Rubi. Raider Kid tem a proposta de ser um jogo de Game Boy Color com direito a chicotão pra ativar e resolver quebra-cabeças e dar aquele tabefe nos bichos soltos por aí. A arte do jogo tá uma fofura só e a gameplay também tá viciante. Quem não gosta de bancar o arqueólogo e descobrir tesouros perdidos, né?
A Modus Studios pode ser um estúdio gringo, mas nosso querido Andre Asai fez questão de encher o projeto de devs brasileiros. Diesel Legacy é um excelente jogo de luta cooperativo que lotou a entrada da sala de indies da PerifaCon. Lutas de 2 contra 2 em tempo real, pra quatro jogadores, com um visual sujo de graxa com inspirações dieselpunk numa cidade de ferro. Arte da boa, proposta nova e interessante pra quem tá enjoado de bater x1 de Street Fighter e personagens boladíssimos. Gostamos, tirar um contra ta na essência do fliperama de boteco do brasileiro.
A área indie ainda contou com outros jogos que também marcaram presença no Festival Jogatório, como Mr Wings, o tcc injustamente reprovado da Linear Haru, o já tradicionalíssimo Ghetto Zombies, twin stick shooter das quebradas sobreviventes ao apocalipse zumbi da Fogo Games, e Stand By Me, a aventura espacial suína lo-fi da Garoa Studios. Além de Foods, o Overcooked 3d da Luski Game Studios, e So Fart Away, o sokoban de pum da Rataiada Games.
Quem fez aquela lista bacaníssima de tudo que estava no Centro de Formação Cultural da Cidade Tiradentes foi o amigo João (@frozaum) lá no IGDB. Dá um salve pra prestigiar esse banco de dados incrível dos joguinhos brasileiros.
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