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Por quê o meu Player joga?

Livia Scienza

Enquanto Game Designer, você sabe por quais motivos o seu público-alvo joga? Entenda como a Psicologia e o UX Research pode te ajudar nessa empreitada!


Fala, caro leitor! Se você ainda não me conhece, meu nome é Livia Scienza e esse é minha primeira publicação aqui no Controlão! Dentre as várias coisas aleatórias que eu faço, sou psicóloga e estudo UX Research voltados para os games faz bastante tempo. Queria compartilhar com você uma palhinha do que tenho aprendido, o que acha? Topa? Ah então bora lá!



Se você é um game designer, pesquisador de game studies, game dev, artista de jogos ou apenas um aficionado pelo tema, já deve ter se perguntado por qual motivo as pessoas bem... jogam. E como toda pesquisadora e psicóloga eu gostaria de dar uma resposta definitiva! A resposta definitiva é: depende.


Pronto, obrigada por ler até aqui. Mentira, mentira! A questão é que podemos responder essa pergunta de formas muito, mas muito diferentes. Nós poderíamos analisar como os jogos ativam os neurotransmissores do cérebro. Poderíamos fazer uma análise cultural (Alô Huizinga!) e até mesmo evolutiva do comportamento de jogar. Mas aqui gostaria de destrinchar alguns tópicos oriundos de uma área conhecida como UX Research.


Um UX Researcher se preocupa, dentre outras coisas, em compreender as motivações, as dores, os hábitos e os interesses de comunidades ou de indivíduos. Para fazer isso, temos um arcabouço robusto de técnicas e conhecimentos teóricos que nos auxiliam. Mas caso você esteja apenas começando nesse caminho de compreender seu público-alvo gamer, deixo aqui 5 tópicos para você refletir.


1.        Por que VOCÊ joga?

Antes de se aventurar a entender o motivo pelo qual outras pessoas jogam, use uma carta reverse e entenda as razões pelas quais você mesmo joga: É para passar o tempo? É para se distrair? Relaxar? Ter um sentimento de conquista pessoal? Socializar? Um pouco de tudo isso? Desde quando você joga? Como começou a jogar? O que significa ser um gamer para você?


Faça essa reflexão com outras perguntas que possam ser pertinentes e só então passe para o próximo tópico. Você precisará estar acostumado com a curiosidade pessoal de saber MOTIVOS.


2.        QUEM eu quero alcançar com meu jogo?

Qual o nicho gamer que você quer atingir? Essa é uma pergunta que você deveria ter feito antes mesmo de começar a desenvolver seu jogo. Volte quatro casas.


Você está criando um jogo puzzle? Um roguelike? Um FPS? Agora lembre das perguntas que fez a si mesmo no passo anterior, mas tente se colocar no lugar de um jogador do gênero que irá desenvolver.


Quando um jogador de FPS joga? Com quem? Ele gosta de socializar? Que tipo de recompensas ele espera ganhar ao jogar?


Talvez você queira alcançar algum público específico como a comunidade queer ou jogadores de cozy games. Tente pensar na maior quantidade de perguntas que poderia fazer sobre essa determinada comunidade e os motivos pelos quais jogam. Anote as perguntas em um bloco de nota ou em qualquer outro local que deseje.


3.        COMO você pode obter as respostas?

Com as perguntas em mãos, agora pense: como você acha que poderia conseguir respondê-las? Em UX Research, nós possuímos inúmeras ferramentas e procedimentos que nos auxiliam a responder perguntas complexas.


Você pode, por exemplo, realizar entrevistas estruturadas com pessoas da comunidade que quer atingir. Caso não queira passar pela complexidade de ter que conversar diretamente com essas pessoas, você pode elaborar um questionário e enviar para certos grupos. Você pode ir até os locais que essas pessoas frequentam e as observar, fazendo anotações. O céu é o limite, use sua criatividade!


4.        ANALISE as informações que você conseguiu

Depois de ter obtido as respostas que gostaria, primeiramente pense se a quantidade de pessoas que respondeu às suas questões é o bastante para realmente sanar as dúvidas. Em alguns métodos de UX Research, perguntas são feitas a centenas ou milhares de pessoas e, em outros, a apenas duas ou três pessoas. Tudo depende de como você formula suas questões e quão sérias e decisivas são as respostas para o seu desenvolvimento. Lembre-se: em game design, o escopo também se aplica a este processo de investigação.


Analise atentamente todos os dados que você conseguiu. Você fez entrevistas e gravou o áudio? Você enviou formulários? Caso seja necessário, faça gráficos ou tabelas.  Com os dados em mãos, pense e repense em como você pode criar mecânicas, narrativas, sons, ilustrações e tantos outros elementos do desenvolvimento de games que reflitam a personalidade, as dores e as necessidades do seu público-alvo.


5.        Estude, estude e estude!

Se você gostou desse exercício e quer se aprofundar na arte do Games User Research não espera mais, jovem gafanhoto! Atire-se imediatamente em leituras e vídeos informativos. Procure pessoas da área para conversar e construa uma rede de contatos. Deixo aqui a sugestão de três livros para você começar, mas dois deles podem ser um pouco densos:


  • Manual do Game UX: Um guia para designers e curiosos (Rafael Lima)

  • Games User Research (Anders Drachen, Pejman Mirza-Babaei, Lennart Nacke)

  • The Psychology of Video Games (Celia Hodent)


Desta vez vou ficando por aqui, mas EU RETORNAREI! Espero que tenha curtido a leitura e não se acanhe se quiser trocar ideia comigo pelo bluesky ou instagram! Eu amo conversar!

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